Ausência

Ausência
A ausência resolveu assim, do nada,
que visitar-me iria por uns dias
e se tornou, da decisão, caxias
a ponto de cumpri-la de baldada!…
E descobri que as horas, tão tardias,
lhe davam cobertura e, em mim, morada
pois que ela foi ficando acostumada
a dividir seus risos e ironias!
Eu, nela, me encontrei, então, comigo
e descobri-me meu melhor amigo,
parceiro e confidente, sobretudo…
Pra quem julgava, ausência, o nada ter
descubro, por com ela conviver,
que ao me encontrar, por fim, lhe devo tudo!
Soneto: Ausência – Paulo Braga Silveira Junior – Junho/2020
Outros Sonetos e Poemas
Poesia, Poema e Soneto
“SOLITUDES” (Pereira da Silva, A. J.)
Senhor, meu Deus! não move minha pena
Vós o sabeis, o impulso da vaidade.
A glória deste mundo é bem pequena
E não nasci para a imortalidade.
Mas não sei por que nada me dissuade
E, antes, tudo em meu sangue me condena
A dar forma, expressão, plasticidade,
Estilo a tudo quanto é dor terrena.
É meu tormento. Chamam-lhe poesia,
Arte do verso. Chamo-lhe o madeiro,
A Cruz da minha noite e do meu dia.
— Cruz em que verto o sangue verdadeiro
E em que minh’alma em transes agoniza
E o coração se crucifica inteiro…
VALSA DAS CHAMAS (Pereira da Silva, A. J.)
Noite. Em meu quarto solitário, apuro
O meu destino; a solitude ambiente,
O tédio, a hora, o mal-estar de doente
Tudo me torna o pensamento obscuro.
Em vão me apego à idéia sempre ardente
Da Vida, — esta volúpia do Futuro.
Queima-me intensa febre o sangue impuro.
Perpassam-me relâmpagos na mente.
Deliro. E a meu olhar que tudo ilude
A vela cresce, assume outra amplitude,
Deixa o recinto entre clarões de flamas…
… Surge-me assim, ante as pupilas pasmas,
Salomé, numa orgia de fantasmas,
Bailando a Valsa erótica das Chamas…
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