Sábio

Sábio
Não leu Pasquim, quiçá sequer Casmurro,
nem mesmo, de Assimov, Fundação…
Não teve acesso à boa educação
e foi por tal tachado, então, de burro!…
René Descartes, Einsten? Esses não…
Nem nada de Friedrich…Foi-lhe escuro
o mundo seu sem letras, triste, duro,
de tal filosofia em contramão!…
Ninguém lhe dava ouvidos nem valor…
Ele era alguém vivendo de favor
neste universo atado a seus tormentos,
mas era bem mais sábio que os demais…
Não via livros, contos nem jornais…
Se atinha às almas; lia sentimentos!…
Soneto: Sábio – Paulo Braga Silveira Junior – Junho/2020
Outros Sonetos além de Sábio
Poesia, Poema e Soneto
SE PROCURO… (Sânzio de Azevedo)
Se procuro no cérebro as imagens
que em meu olhar, há tempos, embebi,
ouço o ranger de dentes de engrenagens
a triburar os sonhos que perdi…
O que é que vim fazer nestas paragens?
Que tempestade me arrojou aqui?
Por que não me lancei noutras viagens
Já que deixei a terra onde nasci?
Tive a ambição dos nômades nos olhos!
Hoje, nem sei, cercado por escolhos,
que tempestade me arrojou aqui!
E vivo agora assim, perdido e absorto,
entre a saudade do primeiro porto
e a tentação das terras que não vi!
O REALEJO (Sânzio de Azevedo)
O papagaio traz no bico a sorte
do transeunte da cidade grande;
dragões de ferro andam semeando a morte,
mas o realejo em música se expande.
Fanhoso, ele renasce a velha valsa
que sobe com o barulho da avenida.
Juntas as vozes se afigura falsa
alguma delas na manhã perdida…
Saias-balão, casacas e cartolas
misturam-se aos «blue-jeans» e mini-saias;
gemem sirenas, rangem grafonolas,
cresce o edifício em meio às samambaias.
Rugem motores de hoje antigamente
ou cantam flautas de ontem no presente?
[…] Sábio […]
[…] Sábio […]