Sedução

Sedução
É pura sedução; mulher fatal
de olhar, por indiscreto, acusador
que despe qualquer um sem ter pudor
nem medo do que sujo ou imoral!
Quem dá-lhe de atenção sai perdedor
qualquer que seja o jogo principal,
pois que o veneno usado e tão mortal
é o que nos faz gemer sem sentir dor.
De dia é moça santa e recatada;
à noite ela se torna a depravada
na dança do desejo e da cobiça…
Seu corpo é só fervor, paixão, vontade
que vindo a mim, do amor, na intensidade
me envolve, me domina e me enfeitiça!
Soneto: Sedução – Paulo Braga Silveira Junior – Junho/2020
Outros Sonetos
Poesia, Poema e Soneto
VOZES (Soares da Cunha)
Vozes antigas e misteriosas,
tão distantes, mas claras e perfeitas,
rompendo das searas ondulosas
pelo tempo sagrado das colheitas,
Vozes alegres, plenas, vigorosas,
em louvores e cânticos desfeitas
à Terra Mãe, de entranhas generosas,
numa expansão das almas satisfeitas.
Onde já vos ouvi, ó vozes gratas,
que a mim chegais, puríssimas e intactas,
do fundo do passado e da distância?
Ressôa em vossos cantos a saudade
dos povos e nações da antiguidade,
na plenitude bíblica da Infância!…
ÂNGELUS (Soares da Cunha)
Entre os incensos dos véus crepusculares
Que envolvem no poente a serrania,
Padre Sol, ajoelhado ante os altares,
Reza a longa oração da nostalgia.
Páira uma unção litúrgica nos ares…
Na catedral da Tarde, erma e vasia,
por fim, rompem em côro os seculares
sinos de bronze, lamentando o dia.
Sinos! Quando nessa hora de tristeza,
fazeis vibrar de dor a imensidade,
amortalhando a paz da natureza,
julga-se ouvir, em mística ansiedade,
do Infinito na augusta profundeza,
o próprio carrilhão da Eternidade!
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